4 Jogadores que se arrependeram da aposentadoria e voltaram ao futebol
No futebol, a aposentadoria é um momento marcado por despedidas emocionantes, por vezes após carreiras brilhantes e inesquecíveis. Contudo, nem todos os jogadores conseguem realmente se afastar das quatro linhas e há quem, com o tempo, se arrependa e decida voltar ao campo. O fenômeno de voltar à aposentadoria não é algo novo no mundo esportivo. Ao longo da história, alguns grandes jogadores fizeram esse movimento, desafiando o próprio corpo e os limites do tempo. Neste artigo, vamos explorar as histórias de quatro jogadores que se arrependeram da aposentadoria e voltaram a jogar, muitos com grandes desafios pela frente.
1. Carlos Roa: De goleiro a profeta do apocalipse
Carlos Roa, goleiro da seleção argentina durante a Copa do Mundo de 1998, é um dos casos mais bizarros de arrependimento e retorno do futebol. Roa foi uma peça-chave no Maiorca da Espanha no final dos anos 90, alcançando grandes feitos com o clube. Com atuações de destaque, ele ajudou a equipe a conquistar a Supercopa da Espanha e a terminar em terceiro lugar no Campeonato Espanhol, a melhor posição da história do Maiorca até então. Além disso, ele foi premiado com o troféu Zamora, dado ao goleiro menos vazado da competição.
Porém, em 1999, no auge de sua carreira, Roa tomou uma decisão radical: ele anunciou sua aposentadoria do futebol, alegando que sua religião, a Igreja Adventista, o impedia de jogar aos sábados. Segundo Roa, o futebol era contra suas crenças, e ele decidiu se afastar para se dedicar a um retiro religioso. Surpreendentemente, Roa acreditava que o fim do mundo estava próximo. Ele se isolou com sua família em uma zona rural na Argentina, rezando pela iminente chegada do apocalipse.
No entanto, o mundo não acabou, e Roa teve que voltar ao futebol para cumprir seu contrato com o Maiorca. Após esse retorno forçado, ele teve uma passagem por outros clubes, enfrentou batalhas pessoais, como a luta contra um câncer, mas acabou se aposentando de vez no Olimpo da Argentina. A história de Carlos Roa é uma das mais bizarras e inesperadas do futebol mundial.
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2. Arjen Robben: O retorno após lesões
Arjen Robben, um dos maiores jogadores de sua geração, anunciou sua aposentadoria em 2019, após uma carreira recheada de conquistas com clubes como Chelsea, Real Madrid e principalmente o Bayern de Munique, onde marcou época. No Bayern, Robben foi fundamental para a equipe durante mais de uma década, destacando-se por sua habilidade na ponta direita e seus dribles característicos.
Porém, após mais de 10 anos no Bayern e lidando com lesões recorrentes, Robben decidiu que era hora de pendurar as chuteiras. A reformulação da equipe bávara, que estava rejuvenescendo o elenco, também influenciou sua decisão. A aposentadoria, aparentemente definitiva, durou pouco, e em 2020, Robben surpreendeu a todos ao anunciar seu retorno ao futebol. Ele assinou com o Groningen, clube onde iniciou sua carreira, na Holanda.
Infelizmente, o retorno de Robben aos gramados não teve um desfecho feliz. Durante sua breve passagem pelo Groningen, o jogador enfrentou uma série de lesões musculares, incluindo problemas na virilha e na panturrilha. A história de Robben é um exemplo clássico de como o amor pelo futebol pode levar os jogadores a retornar ao campo, mesmo sabendo dos riscos que isso implica para a saúde.
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3. Johan Cruyff: Motivado por dificuldades financeiras
Johan Cruyff é uma lenda viva do futebol. Reconhecido mundialmente por sua habilidade técnica, visão de jogo e liderança, Cruyff foi um dos maiores responsáveis pela revolução tática do futebol nos anos 70, com o famoso Ajax que encantou o mundo. No entanto, o retorno de Cruyff ao futebol profissional após sua aposentadoria é uma história cheia de surpresas.
Após deixar os gramados em 1978, Cruyff estava pronto para focar em sua vida pessoal e investimentos fora do esporte. No entanto, a situação financeira de Cruyff passou a preocupar, após maus investimentos em uma criação de porcos, o que levou a grandes prejuízos financeiros. Foi nesse cenário que Cruyff decidiu voltar aos campos, mas não para o Barcelona, clube que ele havia ajudado a transformar em gigante europeu, mas sim para os Los Angeles Aztecs, dos Estados Unidos, em uma tentativa de recuperar o seu patrimônio.
Com o tempo, ele retornou à Espanha para jogar pelo Levante, mas não permaneceu muito tempo por lá. Sua segunda passagem pelo Ajax, porém, foi bem-sucedida, com o time conquistando títulos importantes, antes de se aposentar novamente em 1983. Johan Cruyff sempre será lembrado como um dos maiores jogadores da história, mas sua volta aos campos teve um gosto agridoce, já que ele o fez, em parte, para garantir a sua estabilidade financeira.
Imagem: Reprodução/La Galaxy
4. Paul Scholes: A lenda que não conseguiu se afastar do jogo
Paul Scholes, um dos maiores ícones da história do Manchester United, anunciou sua aposentadoria após a temporada 2010/2011, deixando para trás uma carreira impressionante, repleta de títulos e conquistas. Scholes era um mestre no meio-campo, com passes milimétricos, visão de jogo extraordinária e uma habilidade única para marcar gols de fora da área. Sua aposentadoria foi uma verdadeira despedida de uma lenda do futebol, e os torcedores do Manchester United esperavam que ele deixasse o campo definitivamente.
No entanto, seis meses depois, Scholes surpreendeu o mundo do futebol ao ser chamado de volta para atuar no clássico contra o Manchester City. O Manchester United estava passando por um período de lesões e o elenco precisava de reforços, principalmente no meio-campo. Scholes, mesmo aposentado, estava treinando em boa forma física e se sentia bem para jogar novamente. Ele conversou com o técnico Sir Alex Ferguson, que o encorajou a voltar. Scholes fez sua estreia após a aposentadoria, participando de 21 jogos na temporada 2011/2012, ajudando o time a conquistar a Premier League naquele ano.
Scholes se arrependeu de sua aposentadoria, especialmente quando percebeu que, em sua posição, ainda poderia contribuir muito para o sucesso de sua equipe. Contudo, ele também percebeu que não estava mais no auge físico e que, com a idade, seus movimentos já não eram os mesmos. Mesmo assim, ele continuou a jogar até 2013, quando finalmente decidiu pendurar as chuteiras, encerrando sua carreira no topo, com mais um título de liga.
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Conclusão: A paixão pelo futebol nunca acaba
As histórias de Carlos Roa, Arjen Robben, Johan Cruyff e Paul Scholes são apenas algumas das muitas que mostram o quanto o amor pelo futebol pode ser forte. Mesmo após a aposentadoria, muitos jogadores não conseguem ficar longe do jogo que tanto amam. A pressão de retornar, seja por questões pessoais, como no caso de Cruyff, ou pelo arrependimento de uma decisão precipitada, como no caso de Scholes, revela o vínculo profundo que muitos atletas têm com o esporte.
A vontade de jogar, de sentir a adrenalina do jogo, é algo que nunca desaparece totalmente para esses ícones do futebol. Para muitos, a aposentadoria não significa o fim definitivo, mas sim uma pausa temporária, que pode ser superada por um simples desejo de voltar aos gramados. Se você é fã de futebol, provavelmente entende essa paixão, e talvez até compartilhe da ideia de que, em alguns casos, os jogadores fazem bem em voltar, mesmo que seja para corrigir um erro ou buscar uma última aventura no mundo do futebol.
Esses casos de arrependimento e retorno ao futebol são um lembrete de que, no fim das contas, a aposentadoria é uma decisão pessoal, mas o amor pelo jogo nunca se vai completamente.